O Princípio de Pareto foi originalmente elaborado pelo sociólogo e economista italiano Vilfredo Pareto (1843 - 1923) que buscou modelar, por meio de conceitos estatísticos, a distribuição de renda da população italiana. Um período mais tarde, no ano de 1950, Joseph M. Juran, consultor de negócios românico, expandiu esses princípios para escala industrial, adaptando-o à estudos que relaciona os principais problemas de qualidade com seus respectivos números de ocorrência. Por meio deste, Juran conseguiu priorizar e atacar as causas mais relevantes, reduzindo o número de não conformidades e elevando, consequentemente, o nível de qualidade do produto/serviço final.
O Gráfico de Pareto caracteriza-se por ser um conjunto de retângulos verticais e justapostos que relaciona as possíveis causas de um evento (dados atributivos) com as suas respectivas frequências (dados quantitativos). Estas barras são ordenadas de forma decrescente, e uma linha de frequência cumulativa é traçada para melhor identificar os problemas que mais impactam o processo, visualizado por intermédio da relação 20/80 (20% das causas estão relacionados a 80% das frequências). Trata-se de um gráfico que permite categorizar os problemas de acordo com sua frequência, gravidade e natureza, tornando evidente e visual a estratificação e priorização de fenômenos que afetam o processo.
As informações necessárias para a elaboração de um Gráfico de Pareto, previamente obtido por meio de listas de verificação, devem ser distribuídas em um plano cartesiano. O eixo horizontal é atribuído à dados qualitativos relacionados ao tipo de causa potencial, os quais são ordenados das mais frequentes (à extrema esquerda) para as menos frequentes (à extrema direita). Caso exista uma categoria intitulada como “outros”, o mesmo deve ser idealmente concedido na última barra do gráfico. O eixo vertical à direita, por sua vez, refere-se a porcentagem de ocorrência utilizada para se avaliar a frequência cumulativa das causas, enquanto que o eixo vertical a esquerda reflete o número de ocorrências utilizada para avaliar a barra de frequências associadas às variadas causas potenciais.
Em casos que a categoria intitulada como “outros” representar mais de 10% do total de observações, isso significa que os problemas em análise não foram classificados da maneira adequada. Este fenômeno leva à Paralisia de Pareto, obrigando os colaboradores a realizarem contínuos debates de opiniões a fim de obter um consenso comum, resultando no atraso dos avanços de melhoria. Nestes casos, deve-se adotar um modo diferente de classificação das categorias.
O Princípio de Pareto estabelece que os problemas relacionados à qualidade têm origem à um número pequeno de causas vitais, isto é, cerca de 80% dos efeitos surgem de 20% de todas as possíveis causas, princípio também denominado como “regra do 80/20”. Pode-se visualizar que poucos problemas estão associados à grandes perdas (poucos são vitais), enquanto que uma grande quantidade de problemas impactam pouco no resultado final do processo (muitos são triviais). Logo, o tratamento das poucas causas vitais poderá resultar na diminuição das perdas e na consequente melhoria da qualidade, por meio de um número reduzido de ações. Deve-se dar prioridade em sanar as causas dos problemas que ocorrem com maior frequência.
A comparação entre diferentes Gráficos de Pareto, levando em consideração múltiplos fatores de estratificação de interesse, nos permite identificar se as causas de um problema em estudo é comum a todo o processo ou se existem causas específicas associadas a mesma. A estratificação consiste em desdobrar as categorias vitais, previamente interpretados pelas maiores barras de um primeiro Gráfico de Pareto, em outros problemas por meio de novas colunas em gráficos distintos, partindo de um aspecto macro para um micro. Trata-se da subdivisão de um grande problema inicial em problemas menores e mais específicos, a fim de aprimorar e priorizar a investigação sobre onde focalizar os esforços de melhoria.
A comparação entre Gráficos de Pareto “antes” e “após” mudança de melhoria pode ser utilizado para avaliar a estabilidade do processo e conferir se a ação de bloqueio resultou em um impacto significativo. Porém, casos de instabilidade sistêmica podem ocorrer, sendo esta marcada pela grande alteração na sequência das categorias dos variados gráficos em comparação. Nestes casos, pode-se concluir que há fatores de processo para serem tratadas e devidamente corrigidas. Uma outra prática comum é contrapor o Gráfico de Pareto com os custos para solução dos problemas.
Contudo, há casos onde o Princípio de Pareto não pode ser aplicado. Isto acontece quando não é possível identificar, visualmente, uma causa particular que se destoa com relação aos outros problemas em análise.
Vale ressaltar que o propósito do Gráfico de Pareto não é o de identificar as causas mais importantes, mas apenas ilustrar as mais frequentes.
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